quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Entremeios da educação


A educação é um campo de prática social que lida com a ação do homem na realidade, a partir de instrumentos. Essa prática se divide em técnica, que é a intervenção propriamente dita no real, e em teoria, de onde advém a filosofia, que tem como função formar modelos teóricos e conceitos, dos quais as técnicas se originam.
A filosofia trabalha, justamente, se afastando da realidade, com consciência, para entendê-la; Na verdade, desconstrói essa realidade, contrariando, questionando também as explicações da arte, da religião e da ciência, principalmente, que vigora como a verdade absoluta em nosso tempo. Enquanto a ciência trabalha com juízos de fato, a filosofia trabalha com juízos de valor, possibilitando visões mais amplas acerca dos conceitos trabalhados na educação como as referências à beleza, liberdade, vida humana, seus objetivos e aspirações.
Além disso, a filosofia faz o estudo das teorias do real, nas quais surgem as visões realista (dogmático), relativista, e niilista, que se encaixam na prática pedagógica refletidas quase sempre nos métodos e principalmente no comportamento dos professores em sala de aula. Um professor jamais poderá ter uma visão niilista, pois esta parte do princípio de que tudo vale (ou seja, nada vale) que indica uma postura descrente do futuro, não condizendo com o papel do profissional pedagogo, que deve ensinar incentivar e crer no progresso dos alunos.
Já a postura realista, indica uma pessoa mais autoritária, que se acha dono da verdade, construindo dualismos maniqueístas, onde tudo o que for contrário à suas idéias está errado, apresentando métodos rígidos e inflexíveis, que desconsideram o momento de cada aluno, suas aptidões e potenciais individuais, generalizando e padronizando os indivíduos de uma mesma turma. Ainda dentro dessa visão, podemos citar Kant, na medida em que o mesmo discorre sobre o tema da maioridade (e conseqüente esclarecimento individual e coletivo) e minoridade. Pessoas que recebem uma educação rígida, dogmática, quase sempre se portam de maneira menor, ou seja, subordinadas a outra, nesse caso o professor, que não lhes permite (não os permite desenvolver) sua capacidade de pensar sozinhos.
Em contrapartida, o profissional que adotar a postura relativista, será uma pessoa mais flexível, levando em conta as necessidades individuais da turma e possibilitando a maioridade, e conseqüentemente o esclarecimento desses alunos. Ou seja, como disse Hegel, um dos fundadores da filosofia: “A verdade é a “coisa” mais o caminho para chegar nela.” O professor, não pode dar a solução do problema pronta (minoridade), deve mostrar ao aluno como foi resolvido e fazer com que ele faça o mesmo caminho para a resolução.
Se a educação é a transmissão de conhecimento e saber, e se a filosofia produz conhecimento, elas estão interligadas. Segundo John Locke, os conhecimentos são as experiências acumuladas durante a vida, e dessas é que se forma o psiquismo; além da educação, há a ligação com a psicologia também. Logo, questões discutidas pela filosofia, funcionam para a “criação da educação”, e são explicadas também pela psicologia, como é o caso do pudor. Sendo um elemento formador da cultura, cria uma interdição, através do conceito do incesto, que cerceia o comportamento e a educação.
Portanto, com o destino de educar o próximo, usa-se a filosofia para instigar o pensamento crítico e analítico, afim de que todos tenham suas próprias respostas às questões diversas.
A relação da pedagogia com a filosofia é tão íntima que alguns a têm considerando como parte integrante e subordinada da filosofia. Sem a atividade pedagógica, a filosofia não encontraria jamais extensa compreensão e, ainda menos, aplicação à vida; da mesma forma que, por outro lado, sem filosofia a arte da educação nunca chegaria a alcançar completa clareza em si mesma. Cada uma delas seria inútil e incompleta sem a outra.